Em Busca de um Final Feliz - Katherine Boo

Sinopse: Em Busca de um Final Feliz, de Katherine Boo, é um livro brilhantemente escrito. Através de uma forte narrativa, descobrimos como é o dia a dia dos moradores de Annawadi, uma favela à sombra do elegante Aeroporto Internacional de Mumbai, na Índia. A história de seus habitantes nos faz rir e chorar, porque “o que é celebrado neste livro não é o que poderíamos chamar toscamente de ‘o encanto da lama’, mas a riqueza das pessoas que — para o bem e para o mal — compõem um tronco social que está cada vez mais presente no nosso mundo moderno”. (Zeca Camargo, em prefácio a esta edição).

Minha história com esse livro começa a vários meses quando eu recebi ele da Novo Conceito. Em meio a tantos que eu tinha recebido, decidi que esse seria um dos primeiros a serem lidos, não que me chamasse tanta a atenção, se eu passasse por ele em uma livraria eu provavelmente nem cogitaria comprar (Estou sendo bem sincera). Eu realmente fiz isso, comecei logo a leitura, porém (Mais um pouco de sinceridade) achei ele incrivelmente chato no começo, tinha personagens de mais e parecia que tudo que a autora fazia era contar eventos aleatórios que eu não entendia direito e que, parecia - não chegariam a lugar algum, muito menos em um final feliz. Acabei abandonando ele, sim eu fiz isso (e não me orgulho).

O fato de eu estar lendo pouco nos últimos meses também contribuiu pra isso, mas felizmente eu tenho amigas leitoras e isso sempre é um incentivo né? Então a Clarisse (Vícios Constantes) criou uma espécie de desafio chamado #DiárioLiterário, o objetivo é estabelecer um alvo de leitura pra dezembro e postar todo dia, ou quase todo dia (No facebook) algo sobre o livro que está sendo lido.

Eu estava meio hesitante, mas decidi tentar salvar o resto de 2013 que resta e terminá-lo como uma leitora digna. Peguei 5 livros que eu estava enrolando pra ler, aqueles que eu menos tinha vontade, e entre eles estava "Em Busca de um final feliz" de Katherine Boo.

O livro começa mesmo a ficar interessante quando está quase na metade, isso pelo fato de ter muitos personagens, o que resultou em uma certa demora pra me situar, eu pensava: "porque essa autora foi colocar tanta gente nessa história?" Bem, aí fiz a grande descoberta que mudou toda a minha visão sobre o livro: Todos os personagens e eventos relatados são reais, e aí eu pasmei. Mesmo antes de saber disso eu achei o relato muito verdadeiro e eu já sabia que a própria autora morou na favela de Annawadi por alguns anos pra pesquisar, mas daí ao fato de ser tudinho real, fiquei absolutamente chocada e envergonhada por ter demorado tanto pra ler.

O que mais me chocou sobre o relato nem foi a pobreza em si, mas as injustiças, a gente sabe que o mundo é injusto, e o nosso próprio país não é um modelo a ser seguido, mas em nossa realidade não existem pessoas que são presas mesmo que todo mundo saiba que ela é inocente, só porque ela não pagou uma propina para um policial, em nossa realidade as pessoas não ficam com medo de levar alguém ferido pro hospital e ser acusado de assassinato. E esses são só dois exemplos das coisas revoltantes que o livro nos relata.

Acho que um dos fatos que mais me revoltou foi a investigação e a repercussão causada pela morte de um cavalo. Não me leve a mal, eu sou contra maus tratos aos animais, eu amo animais, mas pra mim pessoas sempre serão mais importantes, e fazer um estardalhaço sobre a morte de um cavalo numa comunidade em que um menino de rua é assassinado e ninguém move um dedo pra saber quem foi o culpado, é inconsistente, totalmente revoltante. Principalmente porque o responsável era tão miserável e mau tratado (mau alimentado) quanto os seus cavalos.
Se eu fosse falar sobre todas as coisas incríveis que eu li em "Em busca de um final feliz" suponho que eu teria que escrever um livro sobre ele, o impacto que me causou foi diferente de tudo que eu já li e não tenho palavras ou habilidade suficiente pra descrever, então eu quero apenas fazer um apelo, por favor, leiam esse livro, mesmo que você achar ele chato no começo, faça uma forcinha, não vai lhe divertir, mas vai te tornar uma pessoa muito mais consciente do mundo que o cerca.